Final sim, precoce aos 20 e poucos anos,
porque o depois é desconhecido, zona embaçada e pálida, como as colinas quase
azuis que vão se misturando às nuvens, devagarinho na linha do horizonte. Porque
a pergunta que entremeia do nosso jardim de infância ao ginásio - “O que você
vai ser quando crescer?” - é sobre o seu futuro curso de graduação, sobre o
papel digitado as pressas que levará teu nome junto a um “aprovado”. A vida
depois, todos aqueles 40... 50 anos, é território para vidente, astrólogo,
previsor das variações da Bolsa... é terra de impalpável cogitação.
E além de final, é final implícito, escondido
na mente de cada pai, mãe, tio, primo, professor e, pasme, também na sua. Nesse
país de classe média urbana, ir para faculdade é diretriz quase tão arraigada
quanto um padrão de decência no anos 50, traçando uma linha rígida e afiada entre
o certo e o condenável. Ofendê-lo é quase blasfêmia, tão obscura que a ela é
negada até o luxo de ser falada em voz alta. Ai das viagens, descansos,
trabalhos... todas justificativas fúteis e frágeis frente ao que a vida deve ser,
deve se tornar. Talvez, naquelas deleitáveis realidades de famílias compassivas
e abonadas, você possa conseguir um ano ou dois de manobra, mas não se engane,
o fim já está definido.