sábado, 27 de dezembro de 2014

Delírio II

Amar, eis um pecado justificável. Embriagar-se em olhares alheios, emaranhar-se em mãos que se enlaçam, cair no balanceio de corpos que se envolvem. Tão fácil ceder, tão fácil entregar-se à brisa fresca de uma nova conquista, de um novo flerte. Mil vezes mais doce do que resistir é deixar-se cair em braços sedentos e abraços repletos.

Como numa dança, basta que os corpos se aconcheguem, as cabeças se inclinem, as mãos se toquem e os olhares se cruzem... No mais, tudo não passa de um ritmo comum, que permeia ambos e os move suave e docemente, num embalo de cantiga de ninar. Dance-se e ama-se, quando em dois, quase na mesma cadencia,  no mesmo lânguido deslizar inebriado.

Ah, peca-se sorrindo e sem culpas.