domingo, 17 de agosto de 2014

Deliciosamente Adorável

       Ele tem a beleza do pecado nos olhos, aquele pecado que não se vê e não se toca. O pecado que apenas se pressente, o mesmo que arrepia a pele e traz um sorriso esquivo aos lábios. Tem um quê de pimenta no jeito de sorrir, como quem sabe de um segredo insondável ou como quem está prestes a roubar um beijo. Também há algo especial na forma que ele se curva, na forma como seu corpo se reclina com ares de pássaro e de cisne. Ares de violinista, de bailarino, de desenhista. As mãos são frias, longas, aveludadas; assim como os braços elegantes. Aliás, tudo nele é elegante. Até mesmo o andar, que faz as vezes de bailado etéreo, como se a gravidade mal o tocasse. No fundo, é meio gato e meio lobo, meio criança e meio louco. E artista, enfim. Firme e correto, também. Mas, desvairado e voluntarioso em aroubos eventuais. Bonito tal como as coisas incomprensíveis que instigam  e despertam perguntas. Ele é apenas ele, deliciosamente adorável.